sábado, agosto 18, 2007

A Galinha Ruiva


Esta é uma fábula muito popular nos países de língua inglesa, onde é conhecida como The Little Red Hen, que assim como a fábula A Formiga e a Cigarra, visa ensinar o valor do trabalho e da previdência às crianças. Coisas que os vermelhos são incapazes de entender. Existem muitas versões diferentes, aqui está a minha:

Era uma vez uma galinha ruiva que morava numa fazenda com seus três amigos: O cão preguiçoso, o gato dorminhoco e o pato barulhento.
Um dia ela encontrou alguns grãos de trigo no quintal e decidiu chamar seus amigos para ajudar a plantá-los.

"Quem me ajuda a plantar este trigo?" perguntou a galinha.

“Eu não” latiu o cão preguiçoso.
“Nem eu” miou o gato dorminhoco.
“Tô fora!” grasnou o pato barulhento.

"Então eu planto sozinha" respondeu a galinha. E assim ela fez.

Logo o trigo começou a brotar e quando a época da colheita estava próxima, ela voltou a chamar seus amigos para ajudá-la.

“Quem vai me ajudar a colher o trigo?" perguntou a galinha.

“Eu não, isso cansa” latiu o cão preguiçoso.
“Nem eu, vou dormir” miou o gato dorminhoco.
“Eu não ganho nada com isso. Tô fora!” grasnou o pato barulhento.

"Então eu colho sozinha" respondeu a galinha. E assim ela fez.

Sabendo que seus amigos não iriam colaborar, a galinha levou sozinha o trigo para o moinho e o transformou em farinha para preparar o pão, mas mesmo assim ela perguntou: "Quem vai me ajudar a preparar o pão?"

“Eu não, se alguém souber que eu trabalhei perco a bolsa-ração” latiu o cão preguiçoso.
“Nem eu, recebo pensão e seguro desemprego, vou dormir” miou o gato dorminhoco.
“Você não vai me pagar hora extra! Tô fora!” grasnou o pato barulhento.

"Então eu preparo sozinha." respondeu a galinha. E assim ela fez.

Quando os pães ficaram prontos os outros animais vieram pedir um pedaço para a galinha ruiva, que respondeu:

"Não, eu fiz os pães sozinha e sozinha vou comê-los." E assim ela fez.

Assim termina a fábula original, a galinha come os pães e os outros animais vagabundos ficam sem nada, mas aqui o final seria bem diferente:

Após se negar a dividir os pães, a galinha começou a ser insultada pelos outros animais.

“Maldita galinha burguesa! Exijo direitos iguais!” latiu o cão preguiçoso.
“Que falta de solidariedade! Sua egoísta insensível! Não sente pena dos que têm fome?!” miou o gato dorminhoco.
“Gananciosa! Capitalista! Exploradora! Eu vou tomar seus pães à força!” grasnou o pato barulhento.

Com a confusão a galinha resolveu chamar a polícia e junto com a polícia veio um burocrata do governo dizendo que ela era obrigada a dividir os pães com o governo e com os animais que nunca a ajudaram em nada.

"Mas eu fiz tudo sozinha! Plantei o trigo, colhi, fiz a farinha, assei os pães e ninguém me ajudou em nada!" reclamou a galinha.

"Sim, mas você fez tudo isso dentro desta fazenda e aqui não somos capitalistas,todos devem dividir seus lucros com os demais para manutenção da paz. Isso é justiça social." disse o burocrata.

Depois do pequeno discurso do burocrata os demais animais comemoravam enquanto a polícia confiscava os pães da galinha ruiva:

"Bem-feito! Ficou sem nada! Se ferrou galinha elitista!" gritavam histéricamente.

De posse dos pães o governo ficou com a maior parte, deixando apenas algumas fatias duras para os animais vagabundos, que comemoraram a expropriação dos pães da galinha, aplaudindo a adoção sistema de justiça social que lhes garantia migalhas.

Entretanto, depois de algum tempo eles começaram a se questionar porque nunca mais a galinha voltou a fazer pão...

3 comentários:

laura jardim disse...

Esse final será mais apropriado a adultos... a crianças destinam-se fábulas cujo objectivo seja valorizar actitudes possitivas e retirar uma boa ''moral'' da história. Como já disse e supondo que esta versão será destinada aos adultos, retrata muito bem o actual sistema social, a mentalidade politica e a pobreza ideológica de um povo que se habituou a viver de subsídidos e pensões miseráveis (as migalhas).

Pierry Levy disse...

Nesta fábula, a Galinha começa com ideais "socialistas”, onde os meios de produção são possíveis através da cooperação entre trabalhadores de maneira democrática no local de trabalho. No socialismo, todos têm direito de produzir e dessa forma, todos têm direito de ter a sua justa parte dentro da comunidade, onde todos trabalham, todos têm empregos e todos recebem pelo seu trabalho honesto.
Os outros animais “capitalistas”, rejeitam a oportunidade de produção igualitária que traria as oportunidades de trabalho (oferecidas pela Galinha), e que beneficiaria a todos no final do processo. Os animais capitalistas, não conseguem enxergar a oportunidade oferecida para sociedade viver em conjunto, socialmente igualitária, de forma socialista.
Os animais capitalistas, visam somente o lucro, a exploração da Galinha trabalhadora, que por fim trabalhou e produziu sozinha o seu pão. Onde logo em seguida, vemos o governo capitalista surgir para taxar, criar impostos e extorquir da Galinha todas as oportunidades de se sustentar... Junto com o governo capitalista, vamos novamente os animais também capitalistas, que rejeitaram o trabalho “social”, comunitário e participativo, para agora querer consumir de maneira injusta, aquilo que eles mesmo poderiam ter produzido juntos e teria beneficiado a todos.
Por fim, a Galinha sobrecarregada com as taxas e impostos do governo, nunca mais produz o pão, ao perceber também que não teria ajuda dos animais que não enxergavam a oportunidade de justiça social que daria a todos os mesmos direitos de produção e ganho, e só visaram o lucro.
FIM

John disse...

O ridículo contorcionismo retórico visto acima prova os conceitos de inversão revolucionária e delírio interpretativo exposto por Olavo de Carvalho no seguinte vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=gBccsk_g4y8